segunda-feira, 21 de junho de 2010

Matéria na revista AMBIENTES - Ano IV - nº 16 - 2010

"Para Ângela Felipe, a verdadeira arte é aquela que alimenta a alma e satisfaz a necessidade de contato com o que há de belo. É assim, com telas que são puro encantamento e que elegem o feminino como tema, que a pintora alcança o coração."
"Afeto, amor, cumplicidade, encantamento. Ângela Felipe tomou de empréstimo estes valores belos e universais para dar nome a suas obras. Assim, dá uma existência concreta à ideais extremamente subjetivas, mas que todos nós sabemos bem o que
significam e qual sua importância. Nada que precise ser muito explicado ou repensado, apenas sentido. Talvez sua inclinação para essa pintura, que alcança diretamente o coração, seja também uma coisa assim, bastante natural, como a própria artista nos conta: "Nasci em Campo Grande, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte. Quando eu tinha 11 ou 12 anos, minha mãe queria saber o que eu queria ser, se já tinha algum querer fortalecido". Ela perguntou: "O que você tem vontade de fazer quando crescer?" Respondi: "Pintar!" "Mas pintar o quê?" "Quadros". "Quadros? Você já viu alguém pintando quadros?". Não. Jamais Ângela vira um pintor em atividade.
Foi só aos 15 anos que teve seu contato inicial com os pincéis, pelas mãos de sua primeira professora, Dona Ivete Veras. A técnica evoluiu para a arte que hoje realiza, o óleo sobre tela. Depois, o trabalho com tinta acrílica passou a dividir sua preferência, além dos estudos mais acadêmicos em desenho, já na capital. Mas a força criativa, aquela da infância jamais ficou para trás. É o que sempre impulsiona as ideais. "É um período da vida onde inventamos o tempo todo", define. Já o estilo e as cores vieram com a maternidade, quando deu à luz sua pequenina Flora.
Gosto de pintar o universo feminino e explorar as dimensões que ele oferece. O afeto, sensualidade, a gravidêz, o carinho e o amor estão presentes em suas telas, habitadas por seres curvilíneos e vibrantes. Ela também se sente bem em fazer objetos, daqueles do cotidiano, como cadeiras, mesas, baús, máscaras. "Trabalhar objetos é como deixar a mente mais vazia e, ao mesmo tempo, atenta ao que o objeto sugere. Há uma riqueza de possibilidades", reflete. E essa interpretação acerca dos objetos traz na bagagem toda a influência da passagem que Ângela Felipe teve pelos bastidores do teatro, explorando um pouco os campos do figurino e do cenário.
Além da pintura, outra experiência que tem sido significativa é conhecer um pouco de cerâmica, graças à convivência no atelier da artista Adriana Lopes. Falando nisso, seu próprio atelier será inaugurado ano que vem, com toda a sua produção. E ela já planeja voos mais altos, "saindo da toca", como diz, para expor mais suas obras - a começar por sua cidade natal, onde toda essa trajetória começou. Com afeto, amor, cumplicidade e encantamento."
LUCIANA ANDRADE
Redatora da Revista AMBIENTES

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